Eu não vi o Roda Viva inteiro. Assisti apenas um vídeo de 6 minutos sem cortes onde o Adnet responde a esquisita provocação do Tas sobre ser humorista-de esquerda-Cuba-China-tudo isso que tá aí. O vídeo circula em retwits legendados como Adnet jantando Tas.
Eu não achei uma “jantada”, achei um bom momento televisivo. Achei que o Adnet teve um belo jogo de cintura — diria que “sobrou em campo” — e respondeu de forma até generosa ao Tas. É impossível conciliar a minha leitura, de um momento inspirado com o qual podemos aprender, com essa idéia de jantada.
O Marcelo Tas, macaco velho do humor das gags, tentou aplicar a casca de banana no Adnet. Não deu certo, porque o Adnet mostrou que faz suas opções de olho aberto e medindo as consequências. Foi simples refutar a associação forçada entre suas visões progressistas e a defesa de regimes autoritários, não se ver obrigado a defender Cuba e China, para ser de esquerda. Jogo de cintura exemplar.
Agora, dentre os que celebram a tal “jantada” na manhã de hoje, estão muitos que teriam caído fácil na pegadinha do Tas. Que não sabem ser de esquerda sem se sentirem implicados a defender o que seja que leve algum ingrediente de esquerda. Que escorregariam numa defesa do que há de indefensável em Cuba e na China.
Por isso, a resposta do Adnet não serve apenas para o Tas, serve mais para quem teria caído na pegadinha do Tas. Digo, deveria servir.
Quanto ao Tas, das duas uma, ou ele estava sendo malicioso ou vem se perdendo na neurose ideológica. No primeiro caso, essa celebração da “jantada” não ajuda, apenas mostra que, se Adnet não vestiu a carapuça, a esquerda tuiteira vestiu e não pediu ajustes. Na outra hipótese, pior até do que não ajudar, atrapalha, porque praticamente interdita qualquer chance do Tas crescer com o erro.
Com isso chegamos ao recadinho final do He-Man. No episódio de hoje, vimos que acusar as pessoas ruins — pode até ser necessário — mas nunca vai te fazer uma boa pessoa. Até a próxima.